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Amortempo

by Aníbal Zola

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1.
Marujo 04:03
2.
É bom só olhar em frente Sem nunca ver realmente Estar em paz com o que sentes Esquecer tudo o que pretendes Deixar o tempo passar Sem nunca te incomodar Deixar tudo acontecer Sem intervir É muito fácil falar Tenho vontade de agir Cansei-me deste lugar Eu quero mas é fugir Esse teu olhar distante Leva-te longe daqui Desenhas tu a paisagem Como se fosse para ti E o tempo segue ao teu lado Fazem-se grandes amigos Tu não tens de fazer nada Só existir É muito fácil falar Tenho vontade de agir Cansei-me deste lugar Eu quero mas é fugir
3.
Mar profundo 04:00
Vai O barco vai partir Não sei quem está no leme Alguém que nada teme Que segue o seu caminho Sem avistar destino Vai Está tudo à tua espera O tempo ainda é escasso Há que apressar o passo Que o barco vai partir Sem se despedir Vai Que ainda vais a tempo As portas estão abertas Ainda há muito espaço Para ti Para nós Para mim Para quem quiser sentir o mar Que é tão profundo O mar que bem lá no fundo Ninguém conhece o seu mundo O mar um ser vagabundo
4.
Era noite de Verão Eu esperava na janela Prometeste-me um clarão O nascer da tua estrela Quase não acreditava Mas a tua euforia Desenhava uma paisagem Que afinal sempre existia Quando o céu ficou vermelho Encontrei-me nos teus olhos que eram espelho Do calor que ali pairava E da luz que a noite dava Quando eu vi também a lua Entendi que a estrela não era só tua O calor todos o sentem A luz só quem a vislumbra
5.
Escrevo para o Paulinho esta canção Samba da Portela meu irmão E sigo a dançar na solidão É só desilusão No meu coração vulgar Aquele que me navega é o mar Perdido na levada do cavaquinho Ninguém fica sozinho Bem sei que um novo amor Inflama o coração menos leviano Mas todo o novo amor se torna velho Maduro de cabelo bem grisalho Teimoso e sem tempo de lamento Mas quem não se dá inteiro Não pode sentir no peito O pleno de um amor verdadeiro
6.
Vida de cão 02:23
Olhando para baixo sinto o tecto na cabeça Será que o chão se encontra onde eu penso Eu piso passo a passo a tábua rasa que do nada Se atira logo para cima de mim Será que eu sei por onde eu passo? Quem encontro no compasso Olho em frente e sinto alguém atrás de mim Será que eu cheiro algum perfume? Ouço alguém atrás que fume Eu espreito e dou de caras com o chão Ai meu Deus que é feito do meu nariz Cheio de pó da rua ao lado Onde eu caí desamparado A pensar que aquele lado era melhor do que o contrário Eu nem sei bem onde é que fica o Norte nem o Sul Eu nem sei bem onde é que fica Cabul Será que eu sei por onde eu passo? Quem encontro no compasso Olho em frente e sinto alguém atrás de mim Será que eu cheiro algum perfume? Ouço alguém atrás que fume Eu espreito e dou de caras com o chão Eu nem quero saber do outro lado Os meus amigos estão comigo A comer um D. Rodrigo Amanhã já é domingo Não há nada para pensar Alguém que pense Que eu estou ocupado A servir algum turista Mascarado de anarquista Deslumbrado com a vista E com a capa da revista Será que eu sei por onde eu passo? Quem encontro no compasso Olho em frente e sinto alguém atrás de mim Será que eu cheiro algum perfume? Ouço alguém atrás que fume Eu espreito e dou de caras com o chão Ai meu Deus que é feito do meu nariz (x3) Cheio de pó da rua ao lado Onde eu caí desamparado A pensar que aquele lado era melhor do que o contrário
7.
Valsa de três notas só que simplesmente prendem a minha atenção Não é por querer o mundo que vou conseguir gostar desta canção Com apenas três batidas repetidas dentro do meu coração Eu até nem me aborreço de seguir rimando a acabar em ão Outras notas já entraram mas a base segue sendo uma só Que na sua valentia já nem faz mais caso ao meu sol e dó
8.
Tenho tanto para contar E tão pouco para dizer É tempo de me organizar Com tanta informação Não entendo a escuridão Dos que não param para pensar Saio para a rua Cheio de energia Aquilo que eu procuro É a romaria Mais uma aventura Que me clarifica Mais uma conversa Eu não tenho pressa Que se chegue à conclusão Sou mais um cidadão Que tem de produzir E sua vida entupir É contradição Estás mesmo no fim Feliz que seja mesmo assim Mas depois do fim Quem será que fica Para ouvir esta canção Não me vês na plataforma Saio à rua de qualquer forma Feliz com duas visualizações Poucas mas de carne e osso Dão comigo aos trambolhões Tornam meu dia bem mais doce 3x Saio para a rua Cheio de energia Aquilo que eu procuro É a romaria Mais uma aventura Que me clarifica Mais uma conversa Que me desafia Mais uma aventura Que me clarifica Mais uma conversa Eu não tenho pressa Que se chegue à conclusão Tenho tanto para contar E tão pouco para dizer É tempo de me organizar
9.
D. Boa morte 04:35
Eu sei que tu te aproximas Mesmo que eu mude o trajecto Apareces nas vielas Quando menos eu te espero Tu divagas pelas ruas Sempre muito recatada A aguardar pelo momento De soltares o teu bafo E encerrar meu triste fado Eu bem que tento esquecer-te Mas a sorte só me engana Sou traído pelo cheiro Que tu deixas pelas ruas E é assim que eu vou vivendo A sentir tua presença E a saber que qualquer dia Tu revelas tua face E terminas o meu fado Mas ainda não é desta Que o meu fado tem um fim Ainda tenho mais uns versos Para te enganar assim Mas eu sei que não tens culpa É só esse o teu encargo Encontrares o teu espaço Para encerrar meu triste fado
10.
A Montanha 03:48
Num belo dia de sol O amor quis subir a montanha Mas muito cedo tombou E com a morte se encontrou Logo se tornaram confidentes Apesar de quase sempre divergentes E quando o sol se escondeu A morte declarou-lhe adoração Todo o seu mundo lhe ofereceu Mas ouviu a seguinte explicação Eu sei que tu gostas de mim E é por isso que eu te entrego à solidão Ela não se ficou E sem esperar um troco Amou só por amar Provando do seu próprio veneno Tudo vai ter um fim E não há nada em troca Amor só por amor Amar e desamar enfim Por fim

about

"Há discos que nos cativam à primeira audição, que nos encantam e nos fazem viajar com o coração.
“Amortempo” é exactamente o melhor exemplo, Aníbal Zola oferece-nos um disco intemporal que usa o contrabaixo, como se de um transatlân- tico se tratasse, para nos levar aquém e além-mar.
A embrulhar as bonitas palavras de cada canção – já tinha saudades de ouvir a nossa língua tão bem tratada - além do magnífico contra- baixo, temos vários instrumentos que nos embalam e ainda conseguem tornar a experiência bem mais agradável. Mesmo quando nos põe a pensar na vida que levamos e se ela faz sentido.
Fados (musicais e reais), Tangos, Boleros, Sambas, Valsas e Jazz, serão as classificações que alguns lhe darão, eu prefiro dizer que são canções de música honesta que fazem bem ao coração e à mente.
Este disco, que anda muito à volta dos vários cambiantes do Amor e não só, deixa-nos enamorados.
Agora peguem no disco, ponham-no no leitor e desfrutem, vão ver que é para toda a vida."

João Nuno Silva
acertezadamusica.blogspot.com

credits

released February 28, 2020

Recorded from April to June 2019 at
Moreira Studios
www.moreirastudios.com

Produced by João Moreira and José Aníbal Beirão
Mixed and Mastered by João Moreira at Moreira Studios
Cover Foto by Catarina Carvalho
Art Work by Liliana Ferreira

This record was supported by Fundação GDA
www.fundacaogda.pt

license

all rights reserved

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about

Aníbal Zola Porto, Portugal

Aníbal Zola is the pseudonym for José Aníbal Beirão, musician from Porto, Portugal that tries to blend double bass jazz skills with singer / songwriter sensibility. It´s a project based on double bass and voice. The compositions try to mix South American music with Portuguese musical elements, such as fado or folklore music. ... more

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